Aqui está a lista dos jornalistas desaparecidos providenciada pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ).

Apesar de se recear que muitos deles estejam mortos, nenhum corpo foi encontrado e, portanto, não são classificados como “mortos”.

Maria Esther Aguilar Cansimbe México 11/11/2009
Maurício Estrada Zamora México 12/02/2008
Oralgaisha Omarshanova Cazaquistão 30/03/2007
Gamaliel López Candanosa México 10/05/2007
Gerardo Paredes Pérez México 10/05/2007
Rodolfo Rincón Taracena México 20/05/2007
Prakash Singh Thakuni Nepal 05/07/2007
Rafael Ortiz Martinez México 08/06/2006
José António Garcia Apac México 20/11/2006
Elyuddin Telaumbenua Indonésia 17/08/2005
Alfred Jiménez Mota México 02/04/2005
Isam al-Shumani Iraque 15/08/2004
Guy-André Kieffen Costa do Marfim 16/04/2004
Acquitté Kisembo RD do Congo 16/06/2003
Reda Helal Egipto 11/08/2003
Fred Nerac Iraque 22/03/2003
Ali Astamirov Rússia 04/07/2003
Oleksandr Panych Ucrânia 11/2002
Belmonde Magloine Missinhoun RD Congo 13/10/1998
Emmanuel Munyemanzi Ruanda 02/05/1998
Djuno Slavuj Sérvia e Montenegro 21/08/1998
Vitaly Schevchenko Chechénia 11/08/1996
Andrei Bazvluk Chechénia 11/08/1996
Yelena Petrova Chechénia 11/08/1996
Maksim Shebelin Chechénia 02/1995
Feliks Titov Chechénia 02/1995
Sergei Ivanov Chechénia 06/1995
Andrew Shumack Chechénia 07/1995
Marasse Mugabo Ruanda 19/08/1995
Mohamed Hassaine Algéria 01/03/1994
Kazem Akhavon Líbano 04/07/1982

KENJI NAGAI

17/02/2010

Kenji Nagai foi um fotojornalista nascido a 27 de Agosto de 1957 no Japão e assassinado a 27 de Setembro de 1997 em Burma.

Trabalhou para AFP News de Tóquio e foi enviado especial para locais como Afeganistão, Cambodja, territórios palestinianos, Iraque e Médio Oriente.

Nagai chegou a Burma dois dias antes de o governo começar a atacar os monges budistas que protestavam contra a junta militar que governava o país depois do golpe de estado de 1962. Os protestos começaram devido ao aumento do preço do combustível mas que evoluiu posteriormente a grandes manifestações com os monges budistas a liderar as marchas pró-democráticas.

Nagai estava a cobrir os protestos a partir de 25 de Setembro. A 27, Nagai estava a fotografar os protestos perto do Traders Hotel quando soldados abriram fogo sobre os manifestantes, matando Nagai e ferindo outro jornalista estrangeiro.

Apesar de terem surgido diversas versões sobre a forma como o fotojornalista foi morto, uma fotografia que posteriormente foi divulgada revela que Nagai foi propositadamente alvejado tendo a dita fotografia, de Adrees Latif, ganho o “Pulitzer Prize for Breaking News Photography”.

A comunidade internacional, como o Reporters Without Boarders”, a directora do RWB de Washington DC, Lucie Morillon, o Primeiro-Ministro japonês, Jakuo Fukuda, o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Masahiko Komuna, mostraram veementemente a sua indignação pelo sucedido.

Jornalistas, celebridades e intelectuais japoneses fundaram o “The Group Protesting the Murder of Mr. Nagai by the Army of Myanmar” de modo a protestar a morte do fotojornalista e iniciaram uma petição para recuperar a câmara e os negativos.

A Burma Media Association anunciou que iriam fundar um prémio em memória de Kenji Nagai com o objectivo de privilegiar individuais que tenham divulgado a verdade sobre Burma. O primeiro prémio de 2009 será atribuído a Eint Khaing Oo.     

 

No dia 4 de Fevereiro, a Ucrânia libertou o activista e músico Igor Koktysh que mantinha detido à 2 anos e meio.

Estava preso desde Junho de 2007 quando a Bielorrússia pediu a sua extradição devido a uma acusação de homicídio.

A Amnistia Internacional acredita que Igor Koktysh era perseguido pelas autoridades bielorrussas por causa do seu activismo social e político.

No seu julgamento, o ECTHR (European Court of Human Rights) afirmou que Igor não devia ser extraditado para a Bielorrússia onde estaria sujeito a tortura e maus-tratos e onde lhe poderia ser aplicado um julgamento injusto e ser, até, condenado à morte.

O activista é acusado de “homicídio agravado e premeditado” de um amigo de um familiar. Koktysh esteve preso no seu país de origem desde Janeiro de 2001 até Dezembro do mesmo ano onde foi vítima de tortura e maus tratos.

Koktysh disse à AI que enquanto esteve detido na Bielorrússia, o investigador responsável afirmou que o músico não era culpado do crime mas que ele estava sob pressão dos seus superiores. O investigador não repetiu esta declaração em tribunal.

Ao conseguir provar que estava noutro local no momento do assassínio, Igor foi libertado. Este veredicto foi confirmado pelo Supremo Tribunal da Bielorrússia a 1 de Fevereiro de 2002. Em Abril do mesmo ano, o Procurador-Geral bielorrusso apelou contra a sua libertação e o caso foi, de novo, aberto.

O músico procura, agora, o estatuto de refugiado na Ucrânia. A AI continuará a acompanhar o processo da aplicação do estatuto e do pagamento da indemnização que lhe foi ordenada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.   

Veja a notícia original e completa em http://www.amnesty.org/en/news-and-updates/news/ukraine-releases-belarusian-opposition-activist-20100204

PRESOS EM BURMA

16/02/2010

De acordo com a “Assistance Association for Political Prisoners in Burma” cerca de 40 pessoas foram condenadas a 50 ou mais anos devido à sua actividade a favor dos direitos humanos. Registemos:

Hso Ten 106 anos Nilar Thein 65 anos
Bo Min Yu Ko 104 anos Min Zeya 65 anos
Khun Tun Oo 93 anos Pannate Tun 65 anos
Sai Nynt Lwin 85 anos Sendar Min 65 anos
Sai Nyi Nyi Moe 79 anos Thet Zaw 65 anos
Mar Mar Oo 93 anos Thet Thet Aung 65 anos
Min Ko Naing 65 anos, 6 meses Zaw Zaw Min 65 anos
Aung Naing 65 anos, 6 meses Thin Thin Aye 65 anos
Aung Thu 65 anos, 6 meses Zay Ya 65 anos
Hla Myo Naung 65 anos, 6 meses U Gambira 63 anos
Htay Kywe 65 anos, 6 meses Myo Min Than 55 anos
Ko Ko Gye 65 anos, 6 meses Jawli Tun 53 anos
Pyone Cho 65 anos, 6 meses Myo Min Htike 52 anos
Mya Aye 65 anos, 6 meses Myo Min Zaw 52 anos
Nyan Li 65 anos, 6 meses Kyaw Tun Lin 52 anos
Than Tin 65 anos Myo Han 51 anos
Ant Bwe Kyaw 65 anos Aung Tin Win 50 anos
Kyaw Kyaw Htne 65 anos Nyi Nyi 50 anos
Kyaw Min 65 anos    

Nina Yefimova era uma jornalista do “Vozrozhdeniye”, um jornal local de Grozny, capital da Tchéthénia, e que foi encontrada morta a 9 de Março de 1996 aos 25 anos de idade com um tiro na cabeça.

Foi raptada do seu apartamento nos arredores de Grozny e o seu corpo foi encontrado na manhã seguinte.

Muitos dos jornalistas de Grozny e Moscovo acreditam que o seu assassinato esteja relacionado com histórias que ela havia publicado relativamente a crimes que decorriam na Tchétchénia.

Nina foi a 18ª jornalista a ser morta no país depois do conflito ter rebentado em Dezembro de 1994.

Ramzan Khadzhiev (14 de Novembro de 1955) era director da ORT, uma televisão pública russa.

A 11 de Agosto de 1996, Khadzhiev foi morto enquanto tentava deixar Grozny com a sua esposa e filho.
Foi assassinado com um tiro na cabeça depois de ter passado num ponto de verificação russo. A ORT afirma que foram rebeldes tchetchenos os responsáveis enquanto que uma testemunha afirma que os autores atiraram de veículos russos.
Mais tarde, os seus colegas confirmaram que foram soldados russos os verdadeiros responsáveis.

Nenhuma investigação foi iniciada e a ORT não abriu nenhum inquérito público.

Ramzan Khadzhiev foi o 19º jornalista a morrer na guerra tchetchena.

JORNALISTAS PRESOS

15/02/2010

O Comité Para a Protecção de Jornalistas apresenta o número de jornalistas presos devido à sua actividade na década de 2000:

2000 81 2005 125
2001 118 2006 134
2002 139 2007 127
2003 138 2008 125
2004 122 2009 136

 No ano de 2009, e como acima assinalado, registam-se 139 jornalistas presos. A China é o país campeão, seguido do Irão, de Cuba e da Eritreia.

China 24 Gâmbia 1
Irão 23 Índia 1
Cuba 22 Iraque (sob a custódia dos EUA) 1
Eritreia 19 Cazaquistão 1
Burma 9 Mauritânia 1
Urzebequistão 7 Marrocos 1
Azerbeijão 6 Rússia 1
Etiópia 4 Arábia Saudita 1
Egipto 3 Sri Lanka 1
Tunísia 2 Síria 1
Iémen 2 Turquia 1
Cambodja 1 Venezuela 1
Camarões 1 Vietname 1

DMITRY KHOLODOV

14/02/2010

Nasceu a 21 de Julho de1967 em Zagorsk. Em 1992 começou a trabalhar no jornal Moskovsky Komsomlets para onde fez diversas reportagens polémicas. Esteve presente no conflito entre a Geórgia e a Abecásia onde assistiu à limpeza étnica dos georgianos, base de muitas das suas reportagens incluindo “Sukhumi Apocalypse”.

Em 1993 entrevistou o Ministro da Defesa, Pavel Grachev. A partir daí iniciou uma investigação da qual resultaram diversos indícios de corrupção na ala militar. Estava já planeado Dmitry falar na Duma e expôr as suas conclusões que incluíam altas figuras do espectro militar.

Acabou assassinado  17 de Outubro de 1994 no seu escritório, vítima de uma pasta armadilhada que supostamente continha documentos que provavam a corrupção nas forças armadas.

Os editores do jornal acusaram as forças militares, nomeadamente o Ministro da Defesa, pelo sucedido o qual eles negaram. Posteriormente, o mesmo Ministro afirmou que “os meus subordinados compreenderam de forma errada as minhas palavras”. O caso mantém-se polémico muito devido à sua condução e ao comportamento ds diferentes juízes o longo dos julgamentos.

Com uma excepção de Oleg Sedinko em 2002, o caso é único visto explosivos nunca terem sido utilizados para matar um jornalista. Contrariamente ao que é habitual nos homicídios contratados, nenhum dinheiro foi movimentado para o pagamento do serviço. Suspeita-se que os assassinos tenham realizado o serviço para agradar os seus superiores e avançar na carreira.

Nunca é tarde para nos perguntarmos qual o nosso papel na sociedade. Diariamente somos engolidos por campanhas que incitam à uniformidade. Sermos todos iguais é um ideal, um valor que não tem espaço para qualquer discussão (embora na maioria dos casos se verifique apenas na teoria e não na prática): é algo inerente do ser humano e que todos assumem como verdade. Mas será que a uniformização de opiniões deve ser adoptada para haver uma melhor organização da sociedade? Decerto que isso tornaria as coisas bem mais fáceis principalmente para aqueles que amam o poder e que adoram o poleiro mas a realidade é que isso não se verifica.

As pessoas são diferentes – não que isso implique um tratamento diferente, o que é algo inaceitável, ridículo e desumano – o que reflecte a riqueza do que nós somos realmente. O facto de termos a capacidade de pensar por nós próprios, concordando ou não com os outros, justifica o nosso valor individual. Cada um de nós é especial e se existe o caso de pensarmos de forma distinta de alguém, isso só promove a diversidade e o melhoramento humano – se as coisas, tenha-se atenção, forem levadas pelo lado do bem e não pelo do conflito, da violência -.

A independência do pensamento nunca foi tão determinante como hoje. Apesar de o seu valor  ter sido sempre questionado ao longo da História, neste mundo, hoje globalizado, não nos deixemos engolir pelos sistemas sejam eles políticos ou económicos. Pensar não paga imposto (até à data de escrita) e portanto, coloquem a cabeça a funcionar.

O espírito crítico deve ser usado e não desvalorizado. Por isso é que as pessoas que são assassinadas por divulgarem factos que vão contra o estipulado pelo poder político ou económico não devem ser esquecidas. Daí que nos próximos dias irei colocar posts que abordarão pessoas, na sua maioria jornalistas, que morreram por atentarem contra o ambiente vigente. São pessoas que encontrarão com a maior das facilidades na internet por isso desafio-os a ocuparem meia dúzia de minutos do vosso tempo para relembrar estas figuras.

Não se coloquem à parte, não se deixem abarcar… sejam por vós e pelos outros.

De acordo com a Amnistia Internacional, Tan Zuoren foi condenado a 5 anos de prisão no passado dia 9 de Fevereiro depois de ter sido preso a 28 de Março de 2009 e julgado a 12 de Agosto do mesmo ano.

Após o tremor de terra que se abateu sobre Sichuan e que fez dezenas de milhar de vítimas, incluindo um número assustador de crianças, foram relatadas questões como a má construção de escolas e o desvio de fundos pelos funcionários públicos. A partir daí passou a ver um controlo agressivo dos media e perseguição a todos aqueles que apontavam a corrupção como a principal causa da má construção das escolas.

Tan Zuoren foi uma figura que prestou apoio imediato aos mais necessitados. Assoberbado com os relatos que se difundiam, Zuoren elaborou uma lista de crianças mortas no terramoto e um relatório sobre as causas do colapso das escolas devido à corrupção.

Foi preso, julgado e condenado. O julgamento decorreu à porta fechada e as testemunhas de defesa proibidas de comparecer em tribunal.

Veja a notícia completa em www.amnistia-internacional.pt e assine a petição para a sua libertação.

Aja, todos dependem de todos.