JORNALISTAS DESAPARECIDOS
28/02/2010
Aqui está a lista dos jornalistas desaparecidos providenciada pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ).
Apesar de se recear que muitos deles estejam mortos, nenhum corpo foi encontrado e, portanto, não são classificados como “mortos”.
Maria Esther Aguilar Cansimbe | México | 11/11/2009 |
Maurício Estrada Zamora | México | 12/02/2008 |
Oralgaisha Omarshanova | Cazaquistão | 30/03/2007 |
Gamaliel López Candanosa | México | 10/05/2007 |
Gerardo Paredes Pérez | México | 10/05/2007 |
Rodolfo Rincón Taracena | México | 20/05/2007 |
Prakash Singh Thakuni | Nepal | 05/07/2007 |
Rafael Ortiz Martinez | México | 08/06/2006 |
José António Garcia Apac | México | 20/11/2006 |
Elyuddin Telaumbenua | Indonésia | 17/08/2005 |
Alfred Jiménez Mota | México | 02/04/2005 |
Isam al-Shumani | Iraque | 15/08/2004 |
Guy-André Kieffen | Costa do Marfim | 16/04/2004 |
Acquitté Kisembo | RD do Congo | 16/06/2003 |
Reda Helal | Egipto | 11/08/2003 |
Fred Nerac | Iraque | 22/03/2003 |
Ali Astamirov | Rússia | 04/07/2003 |
Oleksandr Panych | Ucrânia | 11/2002 |
Belmonde Magloine Missinhoun | RD Congo | 13/10/1998 |
Emmanuel Munyemanzi | Ruanda | 02/05/1998 |
Djuno Slavuj | Sérvia e Montenegro | 21/08/1998 |
Vitaly Schevchenko | Chechénia | 11/08/1996 |
Andrei Bazvluk | Chechénia | 11/08/1996 |
Yelena Petrova | Chechénia | 11/08/1996 |
Maksim Shebelin | Chechénia | 02/1995 |
Feliks Titov | Chechénia | 02/1995 |
Sergei Ivanov | Chechénia | 06/1995 |
Andrew Shumack | Chechénia | 07/1995 |
Marasse Mugabo | Ruanda | 19/08/1995 |
Mohamed Hassaine | Algéria | 01/03/1994 |
Kazem Akhavon | Líbano | 04/07/1982 |
KENJI NAGAI
17/02/2010
Kenji Nagai foi um fotojornalista nascido a 27 de Agosto de 1957 no Japão e assassinado a 27 de Setembro de 1997 em Burma.
Trabalhou para AFP News de Tóquio e foi enviado especial para locais como Afeganistão, Cambodja, territórios palestinianos, Iraque e Médio Oriente.
Nagai chegou a Burma dois dias antes de o governo começar a atacar os monges budistas que protestavam contra a junta militar que governava o país depois do golpe de estado de 1962. Os protestos começaram devido ao aumento do preço do combustível mas que evoluiu posteriormente a grandes manifestações com os monges budistas a liderar as marchas pró-democráticas.
Nagai estava a cobrir os protestos a partir de 25 de Setembro. A 27, Nagai estava a fotografar os protestos perto do Traders Hotel quando soldados abriram fogo sobre os manifestantes, matando Nagai e ferindo outro jornalista estrangeiro.
Apesar de terem surgido diversas versões sobre a forma como o fotojornalista foi morto, uma fotografia que posteriormente foi divulgada revela que Nagai foi propositadamente alvejado tendo a dita fotografia, de Adrees Latif, ganho o “Pulitzer Prize for Breaking News Photography”.
A comunidade internacional, como o Reporters Without Boarders”, a directora do RWB de Washington DC, Lucie Morillon, o Primeiro-Ministro japonês, Jakuo Fukuda, o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Masahiko Komuna, mostraram veementemente a sua indignação pelo sucedido.
Jornalistas, celebridades e intelectuais japoneses fundaram o “The Group Protesting the Murder of Mr. Nagai by the Army of Myanmar” de modo a protestar a morte do fotojornalista e iniciaram uma petição para recuperar a câmara e os negativos.
A Burma Media Association anunciou que iriam fundar um prémio em memória de Kenji Nagai com o objectivo de privilegiar individuais que tenham divulgado a verdade sobre Burma. O primeiro prémio de 2009 será atribuído a Eint Khaing Oo.
IGOR KOKTYSH LIBERTADO
17/02/2010
No dia 4 de Fevereiro, a Ucrânia libertou o activista e músico Igor Koktysh que mantinha detido à 2 anos e meio.
Estava preso desde Junho de 2007 quando a Bielorrússia pediu a sua extradição devido a uma acusação de homicídio.
A Amnistia Internacional acredita que Igor Koktysh era perseguido pelas autoridades bielorrussas por causa do seu activismo social e político.
No seu julgamento, o ECTHR (European Court of Human Rights) afirmou que Igor não devia ser extraditado para a Bielorrússia onde estaria sujeito a tortura e maus-tratos e onde lhe poderia ser aplicado um julgamento injusto e ser, até, condenado à morte.
O activista é acusado de “homicídio agravado e premeditado” de um amigo de um familiar. Koktysh esteve preso no seu país de origem desde Janeiro de 2001 até Dezembro do mesmo ano onde foi vítima de tortura e maus tratos.
Koktysh disse à AI que enquanto esteve detido na Bielorrússia, o investigador responsável afirmou que o músico não era culpado do crime mas que ele estava sob pressão dos seus superiores. O investigador não repetiu esta declaração em tribunal.
Ao conseguir provar que estava noutro local no momento do assassínio, Igor foi libertado. Este veredicto foi confirmado pelo Supremo Tribunal da Bielorrússia a 1 de Fevereiro de 2002. Em Abril do mesmo ano, o Procurador-Geral bielorrusso apelou contra a sua libertação e o caso foi, de novo, aberto.
O músico procura, agora, o estatuto de refugiado na Ucrânia. A AI continuará a acompanhar o processo da aplicação do estatuto e do pagamento da indemnização que lhe foi ordenada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Veja a notícia original e completa em http://www.amnesty.org/en/news-and-updates/news/ukraine-releases-belarusian-opposition-activist-20100204
PRESOS EM BURMA
16/02/2010
De acordo com a “Assistance Association for Political Prisoners in Burma” cerca de 40 pessoas foram condenadas a 50 ou mais anos devido à sua actividade a favor dos direitos humanos. Registemos:
Hso Ten | 106 anos | Nilar Thein | 65 anos |
Bo Min Yu Ko | 104 anos | Min Zeya | 65 anos |
Khun Tun Oo | 93 anos | Pannate Tun | 65 anos |
Sai Nynt Lwin | 85 anos | Sendar Min | 65 anos |
Sai Nyi Nyi Moe | 79 anos | Thet Zaw | 65 anos |
Mar Mar Oo | 93 anos | Thet Thet Aung | 65 anos |
Min Ko Naing | 65 anos, 6 meses | Zaw Zaw Min | 65 anos |
Aung Naing | 65 anos, 6 meses | Thin Thin Aye | 65 anos |
Aung Thu | 65 anos, 6 meses | Zay Ya | 65 anos |
Hla Myo Naung | 65 anos, 6 meses | U Gambira | 63 anos |
Htay Kywe | 65 anos, 6 meses | Myo Min Than | 55 anos |
Ko Ko Gye | 65 anos, 6 meses | Jawli Tun | 53 anos |
Pyone Cho | 65 anos, 6 meses | Myo Min Htike | 52 anos |
Mya Aye | 65 anos, 6 meses | Myo Min Zaw | 52 anos |
Nyan Li | 65 anos, 6 meses | Kyaw Tun Lin | 52 anos |
Than Tin | 65 anos | Myo Han | 51 anos |
Ant Bwe Kyaw | 65 anos | Aung Tin Win | 50 anos |
Kyaw Kyaw Htne | 65 anos | Nyi Nyi | 50 anos |
Kyaw Min | 65 anos |
NINA YEFIMOVA – RAMZAN KHADZHIEV
15/02/2010
Nina Yefimova era uma jornalista do “Vozrozhdeniye”, um jornal local de Grozny, capital da Tchéthénia, e que foi encontrada morta a 9 de Março de 1996 aos 25 anos de idade com um tiro na cabeça.
Foi raptada do seu apartamento nos arredores de Grozny e o seu corpo foi encontrado na manhã seguinte.
Muitos dos jornalistas de Grozny e Moscovo acreditam que o seu assassinato esteja relacionado com histórias que ela havia publicado relativamente a crimes que decorriam na Tchétchénia.
Nina foi a 18ª jornalista a ser morta no país depois do conflito ter rebentado em Dezembro de 1994.
Ramzan Khadzhiev (14 de Novembro de 1955) era director da ORT, uma televisão pública russa.
A 11 de Agosto de 1996, Khadzhiev foi morto enquanto tentava deixar Grozny com a sua esposa e filho.
Foi assassinado com um tiro na cabeça depois de ter passado num ponto de verificação russo. A ORT afirma que foram rebeldes tchetchenos os responsáveis enquanto que uma testemunha afirma que os autores atiraram de veículos russos.
Mais tarde, os seus colegas confirmaram que foram soldados russos os verdadeiros responsáveis.
Nenhuma investigação foi iniciada e a ORT não abriu nenhum inquérito público.
Ramzan Khadzhiev foi o 19º jornalista a morrer na guerra tchetchena.
JORNALISTAS PRESOS
15/02/2010
O Comité Para a Protecção de Jornalistas apresenta o número de jornalistas presos devido à sua actividade na década de 2000:
2000 | 81 | 2005 | 125 |
2001 | 118 | 2006 | 134 |
2002 | 139 | 2007 | 127 |
2003 | 138 | 2008 | 125 |
2004 | 122 | 2009 | 136 |
No ano de 2009, e como acima assinalado, registam-se 139 jornalistas presos. A China é o país campeão, seguido do Irão, de Cuba e da Eritreia.
China | 24 | Gâmbia | 1 |
Irão | 23 | Índia | 1 |
Cuba | 22 | Iraque (sob a custódia dos EUA) | 1 |
Eritreia | 19 | Cazaquistão | 1 |
Burma | 9 | Mauritânia | 1 |
Urzebequistão | 7 | Marrocos | 1 |
Azerbeijão | 6 | Rússia | 1 |
Etiópia | 4 | Arábia Saudita | 1 |
Egipto | 3 | Sri Lanka | 1 |
Tunísia | 2 | Síria | 1 |
Iémen | 2 | Turquia | 1 |
Cambodja | 1 | Venezuela | 1 |
Camarões | 1 | Vietname | 1 |
DMITRY KHOLODOV
14/02/2010
Nasceu a 21 de Julho de1967 em Zagorsk. Em 1992 começou a trabalhar no jornal Moskovsky Komsomlets para onde fez diversas reportagens polémicas. Esteve presente no conflito entre a Geórgia e a Abecásia onde assistiu à limpeza étnica dos georgianos, base de muitas das suas reportagens incluindo “Sukhumi Apocalypse”.
Em 1993 entrevistou o Ministro da Defesa, Pavel Grachev. A partir daí iniciou uma investigação da qual resultaram diversos indícios de corrupção na ala militar. Estava já planeado Dmitry falar na Duma e expôr as suas conclusões que incluíam altas figuras do espectro militar.
Acabou assassinado 17 de Outubro de 1994 no seu escritório, vítima de uma pasta armadilhada que supostamente continha documentos que provavam a corrupção nas forças armadas.
Os editores do jornal acusaram as forças militares, nomeadamente o Ministro da Defesa, pelo sucedido o qual eles negaram. Posteriormente, o mesmo Ministro afirmou que “os meus subordinados compreenderam de forma errada as minhas palavras”. O caso mantém-se polémico muito devido à sua condução e ao comportamento ds diferentes juízes o longo dos julgamentos.
Com uma excepção de Oleg Sedinko em 2002, o caso é único visto explosivos nunca terem sido utilizados para matar um jornalista. Contrariamente ao que é habitual nos homicídios contratados, nenhum dinheiro foi movimentado para o pagamento do serviço. Suspeita-se que os assassinos tenham realizado o serviço para agradar os seus superiores e avançar na carreira.
A AMEAÇA DA INDEPENDÊNCIA DE PENSAMENTO
13/02/2010
Nunca é tarde para nos perguntarmos qual o nosso papel na sociedade. Diariamente somos engolidos por campanhas que incitam à uniformidade. Sermos todos iguais é um ideal, um valor que não tem espaço para qualquer discussão (embora na maioria dos casos se verifique apenas na teoria e não na prática): é algo inerente do ser humano e que todos assumem como verdade. Mas será que a uniformização de opiniões deve ser adoptada para haver uma melhor organização da sociedade? Decerto que isso tornaria as coisas bem mais fáceis principalmente para aqueles que amam o poder e que adoram o poleiro mas a realidade é que isso não se verifica.
As pessoas são diferentes – não que isso implique um tratamento diferente, o que é algo inaceitável, ridículo e desumano – o que reflecte a riqueza do que nós somos realmente. O facto de termos a capacidade de pensar por nós próprios, concordando ou não com os outros, justifica o nosso valor individual. Cada um de nós é especial e se existe o caso de pensarmos de forma distinta de alguém, isso só promove a diversidade e o melhoramento humano – se as coisas, tenha-se atenção, forem levadas pelo lado do bem e não pelo do conflito, da violência -.
A independência do pensamento nunca foi tão determinante como hoje. Apesar de o seu valor ter sido sempre questionado ao longo da História, neste mundo, hoje globalizado, não nos deixemos engolir pelos sistemas sejam eles políticos ou económicos. Pensar não paga imposto (até à data de escrita) e portanto, coloquem a cabeça a funcionar.
O espírito crítico deve ser usado e não desvalorizado. Por isso é que as pessoas que são assassinadas por divulgarem factos que vão contra o estipulado pelo poder político ou económico não devem ser esquecidas. Daí que nos próximos dias irei colocar posts que abordarão pessoas, na sua maioria jornalistas, que morreram por atentarem contra o ambiente vigente. São pessoas que encontrarão com a maior das facilidades na internet por isso desafio-os a ocuparem meia dúzia de minutos do vosso tempo para relembrar estas figuras.
Não se coloquem à parte, não se deixem abarcar… sejam por vós e pelos outros.
APELO EM NOME DE TAN ZUOREN
13/02/2010
De acordo com a Amnistia Internacional, Tan Zuoren foi condenado a 5 anos de prisão no passado dia 9 de Fevereiro depois de ter sido preso a 28 de Março de 2009 e julgado a 12 de Agosto do mesmo ano.
Após o tremor de terra que se abateu sobre Sichuan e que fez dezenas de milhar de vítimas, incluindo um número assustador de crianças, foram relatadas questões como a má construção de escolas e o desvio de fundos pelos funcionários públicos. A partir daí passou a ver um controlo agressivo dos media e perseguição a todos aqueles que apontavam a corrupção como a principal causa da má construção das escolas.
Tan Zuoren foi uma figura que prestou apoio imediato aos mais necessitados. Assoberbado com os relatos que se difundiam, Zuoren elaborou uma lista de crianças mortas no terramoto e um relatório sobre as causas do colapso das escolas devido à corrupção.
Foi preso, julgado e condenado. O julgamento decorreu à porta fechada e as testemunhas de defesa proibidas de comparecer em tribunal.
Veja a notícia completa em www.amnistia-internacional.pt e assine a petição para a sua libertação.
Aja, todos dependem de todos.